segunda-feira, 17 de outubro de 2011

tucanos114poa!!! Inflação, a Torre de Babel


Yeda Rorato Crusius ,Ex: Governadora do estado do Rio Grande do Sul e Economista
















A minha geração, a do pós-guerra, sabe que as

irmãs gêmeas, inflação e dívida, são gestantes de

desigualdades que permitem a eclosão de guerras

civis e entre nações. Vivi a inflação, vi como ela

se transforma em hiperinflação e instabilidade, e

de um modo especial como economista e política

vivenciei o Real, plano de reestruturação que deu

cabo à inflação e iniciou a reversão das desigualdades

no Brasil. Ao final da Segunda Grande Guerra,

em 1945, reuniram-se 44 nações em Bretton Woods

e acordaram a criação de instituições supranacionais

que tinham como objetivo o convívio entre os

países criando um sistema de regras que impedisse

a repetição dos horrores do totalitarismo, que teve

na falência das economias perdedoras - e, portanto,

devedoras - da Primeira Grande Guerra (1914-1918)

o seu meio de desenvolvimento propício. O mundo

viveu então um período longo de desenvolvimento

e inclusão. Já em 1971 o padrão monetário internacional

mudou, o dólar crescentemente substituiu o

padrão-ouro, e as dívidas dos países dependentes

do petróleo e sem moeda estável levaram a um período

de estagnação, empobrecimento e instabilidade

dos devedores como o Brasil. Eram os anos

1970/1980. Os 1980, anos da nossa hiperinflação, a

década perdida. Por uma dívida impagável.

Equacionamos a dívida. Não por acaso, o Plano

Real é parte do ciclo da queda do Muro de Berlim

(1989), a nossa Constituinte (1988), o desenvolvimento

da União Europeia (UE), a emergência

da potência China, a reação fundamentalista.

Eram os anos 1990 do novo ciclo mundial com

expansão promovida pelo comércio e pela tecnologia

da internet, ampliando o crédito mundial

sem haver um padrão monetário mundial único

que garantisse o desenvolvimento sem crises. As

crises estão aí, clamando por uma nova rodada

para firmar, em Bretton Woods ou onde for, um

sistema que impeça uma nova Torre de Babel de

moedas/papéis representando países sem lastro

democrático e econômico, fomentando o retrocesso

do desenvolvimento conquistado com as novas

instituições (como a União Europeia) do ciclo pós-

1990. É por isso, urgente, o alerta: a inflação vem

se reinstalando no nosso País. Nada ganhamos retrocedendo

no controle da inflação. Criando dialetos

entre irmãos que sofrem de modo desigual

os seus efeitos, a inflação vem com a guinada na

política econômica – regime de metas - que nos

permitiu ingressar no mundo dos líderes do desenvolvimento

com menor desigualdade, maior

estabilidade, respeito e diálogo.

Economista




Fonte: Jornal do Comércio / Porto Alegre

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